Impressos continuam líderes de credibilidade, aponta pesquisa |
No dicionário “Aurélio”,
credibilidade significa “qualidade do que é crível”, aquilo que se pode crer, é
acreditável. São sinônimos da palavra “confiabilidade” e “credulidade”. Sendo
assim, esta é uma característica apenas de quem conquista confiança. Você,
leitor, confia em quê?
A
“Pesquisa brasileira de mídia 2014” revela que o jornal impresso é o veículo
de maior credibilidade: 53% das pessoas consultadas responderam que
confiam sempre, ou muitas vezes, nos jornais. Na contramão, esta mesma
porcentagem se refere aos internautas que afirmaram confiar poucas vezes
em notícias de sites,
redes sociais e blogs.
Estes dois últimos nunca são confiáveis para 20% dos entrevistados, e os
portais eletrônicos para 16%.
Para o levantamento, divulgado no
dia 7 de março, foram
entrevistadas 18.312 pessoas, entre outubro e novembro do ano passado, em 848
municípios de todos os Estados. A realização é do Ibope, encomendado pela Secretaria de ComunicaçãoSocial da Presidência da República.
A convergência das mídias impressa, eletrônica, digital e funcional, fenômeno
latente com o avanço tecnológico, apresenta suas vantagens na propagação da
informação a um maior número de pessoas, por meio de produtos complementares.
Todavia, o processo é conflitante, uma vez que ainda não garante ao seu
consumidor a segurança de conteúdo. O diário, ao contrário, mantém-se na ponta,
fornecendo aprofundamento, veracidade e predominância do acerto.
Na luta incessante dos portais
eletrônicos para vencer a concorrente atualização em tempo real, uma importante
missão dos jornalistas tem sido esquecida: apurar os fatos. O imediatismo fala
mais alto e, sem rodeios, postam “desinformações” no formato em que chegam às
Redações, não levando em consideração a checagem da veracidade. Triste
realidade!
As edições para correções dos
frequentes deslizes pelos veículos que operam suas páginas na internet se dão,
em muitos casos, de forma inconsequente, sem respeito algum ao leitor. Não são
produzidos nem uma “errata” ou um “erramos”, aqueles que ainda se aprendem nos
bancos acadêmicos. Devem ter caído no esquecimento, ou a correção
“imperceptível” se tornou fácil de executar ou, quem sabe, o leitor não mereça
saber que não era nada daquilo que já havia lido, não é?
Os de papéis podem não ser os
mais lidos. Apenas 6% dos brasileiros
entrevistados disseram ler jornais diariamente. Além disso, 75% afirmaram nunca
promover este tipo de leitura. No entanto, esta posição favorável de maior
emissor de conteúdo confiável, diante das emissoras de TV, rádio, revistas, sites, blogs, permite acreditar que o caminho traçado por esta mídia ainda
é o mais seguro, até mesmo para os que nela confiam seus investimentos
publicitários. A imensidão de
conteúdo na internet, acessada por meio de computadores, smartphones,
iphones, tablets e outros, muitas vezes alimentada pelos próprios
usuários, não sustenta o cenário de segurança. Aliás, são muitos fakes.
A internet foi apontada como o meio de comunicação que mais toma
tempo dos brasileiros. São 3h41min, em média, gastas por dia em navegação.
Quanto aos endereços eletrônicos mais acessados, o
Facebook, uma das new media (novas
mídias) – plataformas que utilizamos para nos comunicar –, liderou
com 63,6% de segunda a sexta-feira e 67,1% nos fins de semana. Esta rede social é formada por perfis pessoais e
empresariais e por lá se escreve o que der e vier. E, muita coisa vira notícia!
O feedback e a repercussão na data de veiculação do impresso nos leva
a crer em forte influência sobre a sociedade, e, principalmente, aos que ocupam
cadeiras públicas – alvos de nosso trabalho, uma vez que operam não só o
dinheiro da nação, mas a máquina que interfere para a garantia de serviços e
direitos. Ao mesmo tempo, a mídia impressa torna-se fonte de conteúdo aos demais
veículos de comunicação, mesmo estando bem distante de uma concorrência direta,
já que a veiculação só ocorre no dia seguinte. O furo, quase sempre, vem dos
periódicos.
A
presença do jornal gera agentes públicos e sociais mais preocupados com a postura
ética e a responsabilidade para a qual foram desempenhados. Este público se
torna mira de um jornalismo investigativo, com linha editorial independente,
que pretende denunciar malfeitos e malfeitores, porém valorizar a boa política
e seus benfeitores. Já imaginou um País sem imprensa?
A internet não é nenhuma vilã do
processo de construção do conhecimento. Pelo contrário, é rica, uma
indispensável ferramenta, sobretudo, para os impressos, que levam sua
credibilidade ao formato digital. Os jornais que convergiram mídias alcançaram
o trunfo. É preciso saber usar a internet, já que está em 47% das casas
brasileiras. Nestes locais, 84% têm acesso por meio do computador, 40% por
celular e 8% tablets. Falta profissionalização da comunicação para esta
plataforma e, com isso, ainda é restrita a promoção de jornalismo sério,
responsável e ético, comprometido com a veracidade, enfim, que tenha atributos
do impresso. Aliás, os princípios da profissão têm de ser os mesmos.
Embora os dados confortem pela
manutenção da credibilidade histórica, provocam uma inquietação, relacionada à
ausência da criticidade nas escolhas em uma farta fatia do público. De que
adianta estar multiconectado se não confio no que recebo? O senso crítico é
fator primordial para formação de valores que compõem uma única prática: a
cidadania.