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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Você confia em quê?

Impressos continuam líderes de credibilidade, aponta pesquisa
No dicionário “Aurélio”, credibilidade significa “qualidade do que é crível”, aquilo que se pode crer, é acreditável. São sinônimos da palavra “confiabilidade” e “credulidade”. Sendo assim, esta é uma característica apenas de quem conquista confiança. Você, leitor, confia em quê?

A “Pesquisa brasileira de mídia 2014” revela que o jornal impresso é o veículo de  maior credibilidade: 53% das pessoas consultadas responderam que confiam sempre, ou muitas vezes, nos jornais. Na contramão, esta mesma porcentagem se refere aos internautas que afirmaram confiar poucas vezes em notícias de sites, redes sociais e blogs. Estes dois últimos nunca são confiáveis para 20% dos entrevistados, e os portais eletrônicos para 16%.

Para o levantamento, divulgado no dia 7 de março, foram entrevistadas 18.312 pessoas, entre outubro e novembro do ano passado, em 848 municípios de todos os Estados. A realização é do Ibope, encomendado pela Secretaria de ComunicaçãoSocial da Presidência da República.

A convergência das mídias impressa, eletrônica, digital e funcional, fenômeno latente com o avanço tecnológico, apresenta suas vantagens na propagação da informação a um maior número de pessoas, por meio de produtos complementares. Todavia, o processo é conflitante, uma vez que ainda não garante ao seu consumidor a segurança de conteúdo. O diário, ao contrário, mantém-se na ponta, fornecendo aprofundamento, veracidade e predominância do acerto.

Na luta incessante dos portais eletrônicos para vencer a concorrente atualização em tempo real, uma importante missão dos jornalistas tem sido esquecida: apurar os fatos. O imediatismo fala mais alto e, sem rodeios, postam “desinformações” no formato em que chegam às Redações, não levando em consideração a checagem da veracidade. Triste realidade!

As edições para correções dos frequentes deslizes pelos veículos que operam suas páginas na internet se dão, em muitos casos, de forma inconsequente, sem respeito algum ao leitor. Não são produzidos nem uma “errata” ou um “erramos”, aqueles que ainda se aprendem nos bancos acadêmicos. Devem ter caído no esquecimento, ou a correção “imperceptível” se tornou fácil de executar ou, quem sabe, o leitor não mereça saber que não era nada daquilo que já havia lido, não é?

Os de papéis podem não ser os mais lidos. Apenas 6% dos brasileiros entrevistados disseram ler jornais diariamente. Além disso, 75% afirmaram nunca promover este tipo de leitura. No entanto, esta posição favorável de maior emissor de conteúdo confiável, diante das emissoras de TV, rádio, revistas, sites, blogs, permite acreditar que o caminho traçado por esta mídia ainda é o mais seguro, até mesmo para os que nela confiam seus investimentos publicitários. A imensidão de conteúdo na internet, acessada por meio de computadores, smartphones, iphones, tablets e outros, muitas vezes alimentada pelos próprios usuários, não sustenta o cenário de segurança. Aliás, são muitos fakes.

A internet foi apontada como o meio de comunicação que mais toma tempo dos brasileiros. São 3h41min, em média, gastas por dia em navegação. Quanto aos endereços eletrônicos mais acessados, o Facebook, uma das new media (novas mídias) – plataformas que utilizamos para nos comunicar –, liderou com 63,6% de segunda a sexta-feira e 67,1% nos fins de semana. Esta rede social é formada por perfis pessoais e empresariais e por lá se escreve o que der e vier. E, muita coisa vira notícia!

O feedback e a repercussão na data de veiculação do impresso nos leva a crer em forte influência sobre a sociedade, e, principalmente, aos que ocupam cadeiras públicas – alvos de nosso trabalho, uma vez que operam não só o dinheiro da nação, mas a máquina que interfere para a garantia de serviços e direitos. Ao mesmo tempo, a mídia impressa torna-se fonte de conteúdo aos demais veículos de comunicação, mesmo estando bem distante de uma concorrência direta, já que a veiculação só ocorre no dia seguinte. O furo, quase sempre, vem dos periódicos.

A presença do jornal gera agentes públicos e sociais mais preocupados com a postura ética e a responsabilidade para a qual foram desempenhados. Este público se torna mira de um jornalismo investigativo, com linha editorial independente, que pretende denunciar malfeitos e malfeitores, porém valorizar a boa política e seus benfeitores. Já imaginou um País sem imprensa?

A internet não é nenhuma vilã do processo de construção do conhecimento. Pelo contrário, é rica, uma indispensável ferramenta, sobretudo, para os impressos, que levam sua credibilidade ao formato digital. Os jornais que convergiram mídias alcançaram o trunfo. É preciso saber usar a internet, já que está em 47% das casas brasileiras. Nestes locais, 84% têm acesso por meio do computador, 40% por celular e 8% tablets. Falta profissionalização da comunicação para esta plataforma e, com isso, ainda é restrita a promoção de jornalismo sério, responsável e ético, comprometido com a veracidade, enfim, que tenha atributos do impresso. Aliás, os princípios da profissão têm de ser os mesmos.

Embora os dados confortem pela manutenção da credibilidade histórica, provocam uma inquietação, relacionada à ausência da criticidade nas escolhas em uma farta fatia do público. De que adianta estar multiconectado se não confio no que recebo? O senso crítico é fator primordial para formação de valores que compõem uma única prática: a cidadania.

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Inovar para quê?

A revolução nas ferramentas de comunicação entre os humanos é uma tendência que se concretiza diariamente. O que ontem era novo hoje não é mais. O progresso é tamanho a ponto de gerar um paradoxo diante de seus reflexos. Faz-se necessária, mas nos mantém reféns da multiconexão, que adentrou nossas vidas. Estas inovações do ambiente digital crescem em uma velocidade acelerada, a qual não conseguimos acompanhar. Os equipamentos e dispositivos se desatualizam diariamente por mais modernos que sejam. Há sempre novidades no meio, que são fascinantes e capazes de ganhar adeptos/usuários rapidamente.

O vídeo “Um dia feito de vidro” (A Day Made of Glass 2), no Youtube, revela um cenário incrível, projetando ao futuro a possibilidade de uso de uma nova forma para a comunicação, bem como seu emprego no cotidiano da vida humana, especialmente nas áreas de segurança, saúde e educação. A magnitude dos recursos audiovisuais é incontestável e ratifica intenções projetadas há menos de um século, com o cinema falado e a televisão. No entanto, sob a impressão pessoal, suscita uma preocupação com a impessoalidade cada vez mais latente, impulsionada pela emulação dos sentidos humanos.

Os novos equipamentos substituem relações indispensáveis. Aos com aproximados 30 anos, as primeiras experiências com programas operacionais de bate-papo foram no Internet Relay Chat (mIRC) ou, no antigo Messenger, que atualmente se unificou ao Skype, bem como no Orkut, uma rede de relacionamento que se tornou obsoleta. Neles, era possível encontrar e manter contato com antigos colegas de sala de aula, amigos que se mudaram a outras localidades, além de promover novos contatos. Que nostalgia boa!

É preciso relevar que resolvemos boa parte dos afazeres por meio dos dispositivos móveis: estudos, compras, agendamentos de serviços, operações bancárias, contatos pessoais e profissionais, respondemos e-mails e encontramos até entretenimento, nos jogos e aplicativos. Mas, e as new media? Nos tiraram tanta coisa, não? Isso sem contar o tempo que levamos para manter todas “em dia”.

Desde que surgiram, as ligações telefônicas se tornaram cada vez mais raras e os encontros para “jogar conversa fora” também. Isso se acentuou ainda mais com o advento do Twitter e, principalmente, do Facebook. Um verdadeiro contrassenso. Ao mesmo tempo em que te aproxima de pessoas à distância, te distancia dos que estão ao seu redor.

Pais e filhos se comunicam, entre os cômodos da casa, em seus modernos aparelhos móveis touchscreen, via Whatsapp. Os abraços e beijos se tornaram “curtidas”. Nos happy hour, por inúmeras vezes, é possível se deparar com quatro ou mais pessoas em uma mesa, sem comunicação verbal, com os olhos e mente voltados aos seus smartphones e iphones. Quanto ao que fazem, sabe-se lá o que! O conteúdo digital é farto e os aplicativos, redes sociais, sites, blogs estão ininterruptamente mais recheados.

Embora considere este avanço indispensável para diversas áreas do conhecimento e em termos de negócios e publicidade, delinear um ponto de equilíbrio em seu uso é imprescindível. O contato físico entre o ser humano, o diálogo e o olho no olho precisam prevalecer. Embora multiconectados, é indispensável saber se desconectar.

Particularmente, passei pelos programas e redes citados, hoje sou usuário do Twitter, que não me exige uma relação “de amizade” e sigo o que agrega valor, bem como do Whatsapp para fins profissionais e pessoais, já que controlo a privacidade com os contatos em minha agenda telefônica.
mIRC, Messenger e Orkut estão defasados. Quando saí, eliminei todos os dados. Já no Facebook a experiência foi frustrante.

Com respeito aos usuários, é um imenso lixão, abarrotado de autopromoção, de egoísmos, um espaço onde as pessoas se escondem atrás de indiretas e parecem tomar coragem para falar e fazer o que der e vier, sem preocupação com as consequências. Balela e hipocrisia. Na vida real não vivem e não são nada daquilo. Falso moralismo. Elas tornam “seu mundo” num verdadeiro reality show e ainda te expõem na mesma proporção, sem critérios. Posso ser taxado de antiquado, porém, nesta rede, prefiro o lado de cá, o real. Os comentários podem até não ser direcionados, mas quem anda em meio ao lixo, acaba sujo. E confesso não ter tempo para configurar a privacidade e classificar as centenas de “amigos” que mantinha na rede, o que quero e não receber. Desativei a conta e, quem sabe, um dia o cenário se transforme, e eu retorne. Com o Twitter foi assim, ele mudou, para melhor! E, agora, lá sim tem informação.

E, assim, vamos filtrando tudo! A inovação abre novas possibilidades, porém estar atento à transformação social e pessoal por ela provocada é imprescindível. Aliás, quer se inovar para quê?

Perdidos na viagem!

Fonte: Divulgação
Quem não se lembra das grandes enciclopédias ou mesmo tem em casa um acervo destes pesados livros? Se recordam também dos exercícios na escola, que determinavam pesquisa nestas coletâneas e nos faziam viajar pelos verbetes, espalhados por inúmeros volumes? Ah, tempo bom, pelo menos aos com mais de duas décadas de vida! O modelo de estudo não nos tirava das bibliotecas. Hoje, simplesmente com uma única busca no Google e o acesso aos hipertextos - forma de escrita não-linear na informática -, tudo se resolve. Tornou-se fácil fazer a “tarefa de casa”.

Não sou avesso à tecnologia. Pelo contrário, um fascinado com a evolução e abertura de novas possibilidades ao mundo real, nos mais diferentes campos. Todavia, preciso reconhecer que o desenvolvimento do processo tem “desmaterializado” produtos e, consequentemente, sensações e sentimentos. O que reconhecemos no tato, em uma boa parcela, são telas touchscreen de nossos dispositivos móveis, dos e-books, bem como o teclado e o mouse do computador.

Desde que o pioneiro da Tecnologia da Informação, Theodore Nelson, em 1960, “abonou” o termo hipertexto, uma série de contradições foi disseminada, entre autores, com relação ao formato em que ele se emprega. Para alguns, o hipertexto só ocorre no ambiente digital. Para outros, pode estar nos impressos e outras mídias sem a utilização do ambiente virtual – jornais, revistas, livros, manuscritos, documentos do Word.

Vou aderir a este último grupo. Além do contato na educação, considerando esta tipificação, acredito que um dos primeiros hipertextos a que tive contato é um antigo livro de receitas da mamãe, elaborado à mão, que traz os melhores pratos já apreciados e muitos segredos, trocados entre família e amigos. Cheio de anotações e referências, mesmo que sem uma adequada organização, nos fazia migrar de uma página à outra, já que seu índice se limitava a “doces” e “salgados”. Hoje, mesmo digitalizado – da qual tenho uma cópia -, muitas vezes, o exemplar acaba substituído, com todo respeito, por uma “googlada” para as experiências pela cozinha.

A multimidialidade gerada no ambiente digital é incrivelmente fascinante. Vídeos e sons casam-se com as letras neste cenário não-linear de leitura e nos tornam mais próximos da realidade. Porém, limitam a ousadia e a criação. Entregam tudo pronto. Ao mesmo tempo, são tantos hiperlinks nas páginas, que somos instigados a navegar. Com este efeito hipertextual no ciberespaço, nos sentimos motivados a seguir, sem rota pré-definida, com vistas a tornar flexível o espaço e o tempo – hoje tão fragmentado -, em relação à construção da leitura.

Os impressos, por exemplo, em suas notas de rodapé, sumário e nas chamadas de capa de um jornal, ordenam manuseio para localização de página ou exemplar no qual se encontra a informação complementar que facilitará o entendimento do texto. Recordo-me dos estudos nos ensinos fundamental e médio, em Álvares Machado. Se quiséssemos nos aprofundar nas informações, precisaríamos percorrer catálogos ordenados alfabética ou numericamente ou, então, através de classes e subclasses, separar os exemplares, para encontrar o conteúdo. A condução era morosa, mas certeira.

O hipertexto digital favorece a navegação em um só clique. O formato on-line permite o acesso a amplo conteúdo, sem ao menos exigir o deslocamento da frente da tela do computador. A multimidialidade nos impulsiona a acessar outras fontes que nos servem de referência. Na educação, por exemplo, amplia a ferramenta de ensino, mas pode nos levar a um caminho sem retorno. O ponto de partida fica tão distante que desnorteia o aprendiz.

Embora estejamos na era “web 2.0”, uma fase mais madura e encorpada da internet, é necessário atenção ao consumo. Qualquer cidadão publica o que quer no ambiente digital (mídias sociais, sites, blogs) e nem tudo é informação de pesquisa. Não vamos considerar o plágio e o “internetês” propagado. Melhor deixá-los para próxima abordagem. Ofertar a ferramenta de ensino, mas não ensinar seu uso fará da proposta pedagógica um verdadeiro fracasso.